Se queriam um governo
radicalmente de esquerda esqueceram de dar a Lula um Congresso radicalmente de
esquerda, caros camaradas
10 de dezembro de 2022, 11:22 h – João
Lopes – Brasil 247
Lula, como Ulisses, agora
empreende a viagem da volta para Ítaca, ou, como Edmund Danté, viverá o ajuste
final de contas com seus detratores e traidores, assumindo o governo dia
primeiro de janeiro. Queiramos usar uma metáfora ou outra, não há como ser lenientes
com golpistas e traidores, se o sentimento de vingança e o ressentimento não
são bons conselheiros, é bom flechar os pretendentes de Penélope, senão eles
continuarão a almejar usurpar o trono.
Quem tem acompanhado os artigos
que publiquei saberá que dissenti de parte da crítica da esquerda, tanto na
visão de que eu via uma impossibilidade absoluta de virada de Bolsonaro no
segundo turno, quanto na ideia de que é impossível um golpe antes da posse de
Lula. Não há acúmulo de forças para o fascista, atualmente no poder, empreender
o putsch final. Uma coisa é certa, nas tentativas de insurgências, sejam
revolucionárias, sejam golpistas e contrarrevolucionárias, o momento da
arremetida contra o a ordem deve ser tratado como uma ciência, não como algo
aleatório.
Tudo que Bolsonaro fez, desde
que assumiu o Planalto, foi conspirar para acabar com Estado Democrático de
Direito e rasgar o que sobrou da Constituição de 1988. Para isto aparelhou o
Estado, implantando uma mafiocracia, que foi desde emendas secretas escusas, a
patrocínios mal explicados, com dinheiro público do BNDES para os cantores do
agro, a desvio de verbas do MEC para construção de igrejas evangélicas. Um
farto propinoduto, cuja extensão não sabemos o tamanho, irrigou uma estrutura
golpista neonazista emergente.
Empresário não dão ponto sem nó,
não dilapidam seu patrimônio por questões puramente ideológicas. Os empresários
do agro e dos transportes, que gastaram rios de dinheiro nos vários intentos
golpistas, foram irrigados por uma rede subterrânea de subvenção e patrocínio
público, assim como as lideranças neopentecostais, encantadas com os rios de
dinheiro que afluíam, desde verbas do MEC a ONGs, que iam de cuidado com
crianças indígenas a tratamento de pessoas com transtornos mentais e
dependentes químicos. O farto caudal de recursos públicos e de assalto ao
Estado garantiu a “fidelidade” de Malafaia, Valadão e quejandos.
Esta aliança muito espúria entre
agro, neopentecostalismo conservador protofascista (que mobilizou contingentes
de lúmpen nas grandes cidades para servir de exército bolsonarista) e grandes
setores reacionários da classe média, tomou forma como um movimento permanente
de massa, que foi muito além da pauta conservadora. O crescimento das células
neonazistas no Brasil, principalmente na região sul, é o termômetro desta
escalada nazifascista.
Neste angu tem muito caroço
ainda, neste exército neonazista ainda há que se inserir a disseminação de
armas nos clubes de tiros espalhados pelo Brasil (fala-se em mais de 2 milhões
de armas nas mãos de particulares hoje, e que tem que ser desmontados e suas
armas apreendidas) e o aparelhamento de associações de praças da PM (inclusive
com o encorajamento de motins em estados em que a oposição a Bolsonaro governa,
como Bahia e Ceará).
O ápice espúrio deste festim
diabólico foi o setembro de 2021, no qual o Brasil ficou muito perto de um
golpe de Estado, com a possibilidade de decretação de estado de sítio e
dissolução de poderes. Os relatos têm pequenas nuanças, discordâncias sobre o porque
do não desfecho, com a decretação de Bolsonaro como ditador. Nos vários relatos
o papel principal não nos coube, ao movimento social organizado, mas ao STF,
que ameaçou de prisão até o vice-governador de Brasília, caso não agisse para
evitar o caos, mas alguns assinalam que foi a falta de perspectiva e projeto
que evitou o golpe final de Bolsonaro. Se decretar ditador é uma coisa, manter
o poder é outra bem diferente. Sem apoio internacional e sem projeto, na
solidão da imensa sala, decorada de forma brega por Micheque, com quadros de
Romero Brito, fica a dúvida se lhe faltou a iniciativa de dar o passo, que
podia ser em falso e sem retorno, ou para a democracia ou para ele, ou se a
ação do STF contra o golpe é que foi eficaz.
De aí em diante, continuam os
dissensos nas várias análises. Alguns continuaram a ver uma escalada golpista,
eu e alguns poucos outros vimos um declínio do perigo de golpe. O roteiro de
2022, ainda que com algumas manifestações de massa no Rio, Distrito Federal e
Brasília (como uma caricatura da tanqueata que ele gostaria de fazer em plena
Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, e da qual foi proibido pelo seu Estado
maior) era de perda de musculatura para o golpe, incluindo aí a ação
subsequente do STF que prendeu várias lideranças e andou bloqueando canais de
sustentação empresarial financeira dos eventos. Bolsonaro passava a ser um leão
de circo, que ruge, mas não tem dentes nem garras. Não é possível fazer um
golpe só com praças descontentes e generais de pijama, há que haver, senão um
consenso, pelo menos hegemonia entre os comandos das 3 forças.
Na continuidade, uma PEC de
assalto ao erário despejou dinheiro para que ele fosse reeleito. Talvez
acreditando que conseguiria manter o poder dentro das quatro linhas, afinal,
desde a redemocratização, nenhum presidente eleito perdeu a reeleição com a máquina
na mão, o fascista blefou nas ameaças de golpe, ainda que mantivesse sua turba
sempre agitada e decidiu que ganharia a eleição. A tentativa malograda de 2021,
a flopada da tanqueata em 2022, a total falta de articulação e reconhecimento
internacional num possível movimento golpista, a não hegemonia entre o comando
das FFAA sobre o não reconhecimento das eleições, a conjunção de vários fatores
foi minando o caminho de um possível novo capitólio.
Quando um arremedo das forças
originais golpistas saiu às ruas para tentar ocupar vias públicas, e o STF
apressou-se em ratificar a vitória de Lula, eu escrevi com todas as letras que
não devíamos temer um golpe antes da posse de Lula, nossos problemas começarão
a partir do dia primeiro de janeiro. Não era preciso esperar Bolsonaro sair do
silêncio e reconhecer a passagem de poder, ameaçando, desde já todavia
conspirar desde o primeiro segundo para a derrubada de Lula. Uma olhada
desleixada para a conjuntura nos daria este quadro, falta de acúmulo de forças
golpistas para evitar a assunção de Lula, mas um governo que começará sitiado,
assim como o de Pedro Castillo no Peru, ou de Alberto Fernández, na Argentina.
Dizer que não há acúmulo de
forças para um golpe não é negar o perigo dele. Há contradição nesta análise,
óbvio que há, a realidade é contraditória. Seu somatório não é determinista, é
impossível fazer um “xadrez do golpe”, porque simplesmente os fatores
quantitativos e qualitativos se interpenetram e trocam de lugar. É a famosa
passagem da quantidade a qualidade marxista-hegeliana, que torna impossível
qualquer previsão com determinismo. Análise de conjuntura não é previsão de Mãe
Diná ou Nostradamus.
Lula navegará por mares nunca dantes
navegados porque simplesmente nunca governou em condições tão adversas. Assim
como Ulisses, Lula deverá se amarrar ao mastro do navio que conduz, para que o
transatlântico Brasil não seja destroçado entre Cila (uma extrema esquerda com
frases altissonantes e nenhum apego à realidade) e Caríbdis (o projeto
neoliberal de tentar comer o governo do PT por dentro).
A conjuntura é angustiante. Lula
não terá maioria nem na Câmara e nem no Senado, sem ter que se apoiar nesta
enorme franja de direita fisiológica a que se convencionou denominar, sem
nenhum acerto, de Centrão. Não adianta Samia Bonfim e Glauber vociferarem de
que temos que manter nossa castidade ideológica e descer dos montes com os 10
mandamentos do DCE da UFF dizendo que o PSOL não deve fazer parte de um governo
de coalizão. A realidade é muito maior que a eleição do DCE da UFRJ ou da USP.
Não estamos às portas do Palácio de Inverno em São Petersburgo e nossas tropas
não possuem nem atiradeiras. Este governo de Lula é necessariamente um governo
de coalizão que fará muitas concessões às forças antagônicas ao nosso projeto,
porque é isto, ou é não governar e viver 24 horas sob a pressão de um golpe. E
por favor, não me venham com dizeres patéticos de “que temos que governar com
povo na rua”. Isto é só uma fala pseudorrevolucionária, cuja última lição
aprendida foi a derrota avassaladora da esquerda chilena na reforma
constitucional. Detalhe importantíssimo, a esquerda chilena estava melhor
organizada que a nossa e teve total hegemonia da rua nos últimos 4 anos no
Chile. Tomou uma coça na votação da Constituição e aprendeu que hegemonia nas
ruas não é a mesma coisa que hegemonia no parlamento ou mesmo nas votações.
Este palavreado não faz nenhum
sentido porque não temos nenhum acúmulo de forças no movimento social que nos
autorize a fazer bravatas. Li Lênin e Marx demais para não detectar o que ambos
denominavam de fraseologia pseudorrevolucionária pequeno-burguesa. Em política
não se blefa no discurso, não se alardeia uma força que não se tem porque o
outro lado também sabe contar garrafinhas.
Se algum dia pretendemos
governar com o “povo nas ruas” temos que voltar não só a mobilizar, mas a
organizar nossas tropas. Reunir-se uma vez por mês para protestar contra o
governo Bolsonaro não nos autoriza a dizer que fizemos um bom trabalho de
preparação e oposição. Os sindicatos estão quebrados, destruídos, sem fonte de
recursos depois do fim do imposto sindical, sem nenhuma outra fonte de recursos
que o valha. Não, não se faz luta sindical sem aparelho sindical. Não temos
fora dos sindicatos nenhum grande movimento organizado citadino que mobilize
milhões. Os 2 que temos, não o são. Um, o MST, é um movimento camponês num país
predominantemente urbano, o outro, o MTST, ainda que respeitável, se restringe
a uma camada de lumpesinato, ganha para a luta progressista que nunca disputará
hegemonia sozinho.
Com bravatas não se ganha uma
guerra.
Não, não vamos governar sem o
Congresso e através das massas, não, não preparamos uma forma de poder popular
como na Venezuela, em que há comunas espalhadas por várias províncias do País e
uma assembleia constituinte que foi com voto proporcional a cada segmento
social. A conjuntura é complicada, porque somos um movimento de coalizão que
derrotou o fascismo e agora precisa desarmar todas as bombas montadas por ele.
Lula terá que governar com o
Congresso que tem, será até certo ponto prisioneiro de Artur Lira e Rodrigo
Pacheco, e só conseguirá restringir o orçamento secreto se o próprio STF tomar
a iniciativa de considerá-lo ilegal. Nunca conseguirá maioria nas 2 casas para
soterrá-lo. Terá que governar o tempo inteiro sorrindo e afagando o Centrão, ou
não governará. Isto não significa que não governará tocando sua pauta, como o
faz agora no caso da PEC do Bolsa Família, no sentido estreito das forças que
temos, significa que teremos que pautar o que estritamente, dentro do nosso
programa, não açule o golpismo dentro do Congresso mais fascista e conservador
da história.
Teto de gastos, orçamento
secreto, o orçamento dilapidado pelo aparelhamento de Estado feito por
Bolsonaro para tentar a reeleição, a Petrobras servindo aos interesses apenas
dos acionistas nacionais e internacionais e não ao povo brasileiro (o petróleo,
senhores, lembrem-se, foi central no golpe). As bombas que ameaçam estourar já
no dia 2 de janeiro já farão que o governo comece pisando em ovos. É necessário
rever a política de preços do petróleo, para isto, é necessário um verdadeiro
“paredão” (sem vítimas fatais) na Petrobras. É óbvio que quando Lula mexer na
Petrobras, destituindo a atual diretoria e mudando a política de preços o tal
Mercado (na verdade a elite do atraso brasileira) reagirá especulando da forma
que sabe, evasão de divisas com subida especulativa do dólar, queda da bolsa,
etc. Será impossível omelete sem quebrar ovos e, por hora, o discurso é que não
podemos governar para o mercado.
Todas estas manobras serão
fundamentais para governar, lembrando que do outro lado se construiu um know
how golpista. Eles ensaiaram e se organizaram para dar o golpe durante quatro
anos. Não vão desistir de o fazer porque Lula agora governa, só se radicalizarão
mais e mais. É necessário desarmar a direita fascista no Brasil. Para isto é
preciso coragem. Não, o perdão não é solução neste caso, para a tal falada
conciliação nacional. Maquiavel falava que o mal tem de ser feito de uma só
vez. Lula não pode repetir o erro de nomear um Ministro da Justiça estilo
Eduardo Cardoso, cujo esporte era fazer vista grossa a toda e qualquer
manifestação golpista, incluindo as polícias federal e rodoviária federal.
Alexandre de Moraes já deu o
tom. Tem que se congelar os fundos golpistas e até sequestrar os bens dos
sediciosos se for o caso. Não é necessário dar um tiro para isto, basta se
aplicar a lei e prender, como feito agora na Alemanha, quem conspira contra o
Estado. Superintendente de Polícia Rodoviária que conspira e prevarica tem que
ser preso e demitido a bem do serviço público. Empresário que conspira tem que
ter os bens sequestrados pelo Estado. Empresa de caminhões que faz locaute em
estradas tem que ter os caminhões apreendidos e as contas bloqueadas. Não é
possível paz e amor e leniência com quem quer nos matar e nos colocar num AI5.
As células neonazistas têm que ser desarticuladas e suas lideranças todas
postas na cadeia. Liderança protofascista travestida de pastor, que pede
ditadura militar e golpe, tem que ter o mesmo destino.
Aliás, um nó górdio neste caso é
o tal “diálogo com os evangélicos”. Precisamente de que estamos falando?
Camaradas, vamos dar nome aos bois, não se trata de perseguição ou falta de
liberdade de culto, aqui no Brasil qualquer idiota com o sexto ano fundamental
pode abrir uma igreja em qualquer esquina, é mais fácil que abrir um boteco.
Não, não há restrição, perseguição ou “preconceito das esquerdas”. Há sim um
colóquio flácido para bovídeo dormitar que criou um mito de “cristofobia”, numa
país 85% declaradamente cristão (entre católicos e evangélicos). No Brasil
religião perseguida é o candomblé e a umbanda, num flagrante caso de racismo
religioso aberto e acobertado pelo discurso de “liberdade de crença”. Não
existe cristofobia, é uma mentira dita mil vezes que acaba se tornando uma
verdade. O diálogo deve sim acontecer, de forma laica e não como segmento, já
que o que estamos falando, demos nome aos bois, o tal diálogo é de se assumir
uma pauta conservadora como sendo “pauta da família”, ou tomar parte numa
verdadeira guerra religiosa pela hegemonia da crença no Brasil, guerra na qual
a esquerda não pode e nem deve ter lado. O único lado que a esquerda pode ter é
a do Estado laico. Boa parte dos pastores eleitos e que fizeram um bloco
ultraconservador no Congresso (com raras e honrosas exceções, como Benedita da
Silva no Rio) querem ou impor sua pauta ou continuar a receber benefícios
impróprios do Estado. De uma forma ou de outra não é um “diálogo possível”. E
sim, temos que dizer aberta e claramente que boa parte das denominações
pretensamente evangélicas hoje se tornaram células protofascistas com um
projeto de poder próprio que passa longe do evangelho. É uma equação difícil o
relacionamento com um setor que sim, tem um projeto de hegemonia e de ataque ao
Estado laico.
Por fim, fazer um bloco no
Congresso, com o Centrão de um lado e o PSOL do outro é uma equação que só Lula
poderá (ou não) resolver. Vimos já as manifestações edipianas de Sâmia Bonfim e
Glauber Braga contra o PSOL participar do governo petista. Para certos setores
do PSOL, muito ligados a uma esquerda acadêmica pequeno-burguesa, que precisa
reafirmar o tamanho do seu ego marxista todo dia, é fundamental dizer que são
diferentes do PT. A verborragia é revolucionária, a prática é academicista. Não
conseguem organizar nenhum setor dos trabalhadores ou das camadas proletárias
urbanas, são tão eleitorais (ou eleitoreiros) como gostam de tachar o PT, como
nós, mas, para ganhar a eleição na Praça São Salvador, nas Laranjeiras, é
necessário recitar Mao Tsé ou Trostky todo dia e dizer que o dia da revolução
está chegando (amém!). Entre a verborragia acadêmica de um Nildo Ouriques, ou
de um Babá, e a realidade, há uma relação tão íntima quanto a que Nise
Yamaguchi tem com a prevenção da Covid.
Fui testemunha do ataque
desvairado de setores da extrema-esquerda ao PT entre 2013 e 2015. Foram
aliadas indefectíveis do golpe, ou alguém esquece dos discursos apaixonados da
Luciana Genro pelo Sérgio Moro, ou das fotos dos componentes do apartamento da
Paulinha pendurados no saco do Juiz Bretas? Parte deste povo evoluiu, outra
parte ainda está preso em 2013. Aliás, vale à pena perguntar, os Black Bostas
estão de férias? Porque foram ferozes inclusive contra o PT e a CUT (rasgaram
nossas bandeiras, atiraram rojões contra nós, partiram para o confronto
físico). Estas reservas pseudoanarquistas da reação foram incapazes de dar um
só peteleco na fascistada vestida de verde e amarelo. Não me surpreenderia nada
se ressurgirem das tumbas no dia 2 de janeiro de 2023. Junto com eles virão os
Nildo Ouriques e os Babas da vida, gatinhos angorás durante os governos Temer e
Bolsonaro, ferozes leões contra o PT, e que não se dão ao trabalho de organizar
a classe trabalhadora, até para disputar (o que é do jogo político) a hegemonia
com o Partido dos Trabalhadores, mas que preferem fazer o jogo da direita e
fazer de tudo para balançar qualquer governo popular quando está no poder.
Vomitam uma retórica de pré-revolução que desaparece quando a direita assume o
poder. Escutei alguns cretinos dirigentes sindicais do Conlutas afirmarem
abertamente que “não há clima para greve agora”, durante os 7 anos somados dos
governos Temer e Bolsonaro, os mesmos que decretavam greve por tempo
indeterminado, sob qualquer pretexto nos 13 anos de PT, e que ajudaram na
pauta-bomba e no golpe contra a Dilma.
Lula tem a seu favor a simpatia
de 58 milhões de votos, a lembrança feliz dos seus 8 anos de governo, sua
inconteste liderança internacional, a experiência larga como deputado e como
presidente, mas navegará por mares nunca dantes navegados. É um governo em
Estado de sítio permanente, que terá como tarefa não a de fazer avançar as
pautas histórias de esquerda, mas sim desarmar todas as bombas golpistas,
montadas pelo nazifascismo bolsonarista nestes últimos anos, e reconstruir o
tecido social para que possamos dar um passo à frente já no próximo
mandato.
Se queriam um governo
radicalmente de esquerda esqueceram de dar a Lula um Congresso radicalmente de
esquerda, caros camaradas.
Não se governa com o desejo, se
governa com correlação de forças do mundo real, esta verdade de governar
baseado na estrutura real do mundo faz parte de uma verdadeira análise marxista
da política.